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Bolha, O Peixe Cantor de Ópera

No meio da sala de estar, em um aquário redondo e azulado, vivia um peixinho dourado chamado Bolha.

Bolha era gordinho, laranja e tinha olhos arregalados de sonhador. Seu sonho? Ser um grande cantor de ópera!

Bolha passava os dias escutando a música que vinha da caixinha de som da sala. Ele amava as vozes altas, que faziam as janelas tremerem com a força da emoção.

— Ah, se eu tivesse uma garganta assim! — suspirava Bolha.

Ele tentava. Tentava com toda a força do seu corpo de peixinho. Ele abria a boca, respirava fundo (para um peixe), e se preparava para soltar um Dó-Maior potente.

Mas o que saía?

Poft! Poft! Poft! Apenas bolhas. Bolhas redondas, silenciosas e sem música.


Bolha não desistia. Ele praticava todos os dias, tentando imitar os diferentes estilos de música.

1. O Rap das Bolhas: Bolha soltava bolhas rápidas e agitadas (pfft-pfft-pfft), tentando imitar o ritmo veloz. Mas o som era zero, e ele só conseguia fazer a água tremer um pouquinho.

2. A Canção de Ninar: Ele tentava soltar uma única bolha lenta e demorada, para ser suave. A bolha subia lentamente, pooofff, e estourava sem fazer nem ploc.

3. A Ópera Final: E, claro, a ópera. Bolha ficava roxo de esforço e soltava uma bolha gigantesca.


Ela subia, quase encostava na tampa do aquário e... Pop! Apenas um mini-salpico de água.

— Nunca vou ser um cantor! — Bolha gritou (mas só fez bolhas). — Minha voz é vazia!

Ele ficou tão frustrado que decidiu fugir.

Ele usou a decoração do aquário como alavanca e se preparou para saltar para o tapete. Ele precisava achar o mar, o rio, qualquer lugar onde sua "voz" pudesse ser ouvida.


Antes que Bolha pudesse pular, ele ouviu uma voz lenta e sábia, que vinha do canto escuro do aquário.

— Para que tanta pressa, Bolha? Seus concertos estão melhores do que nunca.

Era Tina, a tartaruga, a mais velha e paciente moradora do aquário.

— Tina, você está me gozando? Eu só faço bolhas! Não faço som! Meu sonho é ser como o cantor de ópera, que faz TRAM-LÁ-LÁ!

Tina sorriu lentamente. — Bolha, você está cometendo um erro. Você está procurando o som, mas está ignorando o espetáculo.

Tina pediu a Bolha para soltar uma de suas bolhas gigantes. Ele se esforçou, e a grande bolha subiu lentamente.

— Agora, olhe para a parede! — disse Tina.

Bolha olhou. O aquário estava perto da janela. Quando a bolha gigantesca subiu, ela agiu como uma lente de aumento, capturando a luz do sol e projetando um círculo brilhante na parede da sala.


— Seu talento não é o som, é a luz! — explicou Tina. — Quando você solta as bolhas no ritmo certo, você faz a água vibrar. E a água, com a luz, desenha um show na parede!

Bolha ficou chocado. Ele tentou de novo, mas dessa vez, pensando no ritmo.

Ele soltou três bolhas pequenas, rápidas e depois uma grande e lenta. Pfft-pfft-pfft... Poofff.

Na parede, apareceram três pontinhos de luz rápidos, seguidos por um círculo de luz que crescia e encolhia. Era um Concerto de Luz e Bolhas!

A menina da casa, que estava triste, viu os pontos de luz dançando na parede. Ela riu e correu para o aquário.

Bolha não se importou mais com o som. Ele começou a criar sua própria música. Ele fazia bolhas em forma de coração, bolhas que pareciam chuva, e bolhas que formavam uma coroa de luz.

Ele era o único peixe dourado no mundo que podia transformar a luz do sol em uma canção silenciosa, mas cheia de ritmo. Ele tinha encontrado seu lugar no palco, e era feito de água, luz e bolhas.


Bolha percebeu que tentar ser um cantor barulhento o impedia de ver sua verdadeira magia. O talento dele era diferente, silencioso e visual, e era isso que o tornava especial. E a melhor canção é sempre aquela que a gente pode criar sendo exatamente quem a gente é.

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